quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Por condições de vida e trabalho!


Os trabalhadores brasileiros esperaram nos últimos governos por mudanças que não vieram. Muitos ainda estão dispostos a esperar, mas nossa paciência diminui com o pão que some de nossa mesa a cada dia que passa.
Com as “melhoras” que Lula e o PT trouxeram para o país aumentaram os sofrimentos para o trabalhador; carteira de trabalho assinada é um privilégio, a cada dia aumenta o tempo de trabalho, a hora extra é obrigatória, muitos são mandados embora para cortar gastos nas empresas, a juventude pobre é jogada às ruas...
Os palhaços que se dizem representantes do povo procuram diminuir aposentadorias, acabar com os direitos do trabalhador – como o direito de greve, que já não existe mais. Esperar a situação melhorar pelas mãos desses sujeitos já caiu no ridículo, não há mais espaço para nenhum messias na nossa política.
Do outro lado do planeta, no oriente médio, África e Europa, milhões de pessoas já têm que sair de suas casas para defender seus empregos, salários e suas próprias vidas. Se lá os trabalhadores forem derrotados, tentarão avançar sobre os corpos daqueles que resistirem aqui para nos tirar tudo que conquistamos nas lutas que passaram.
As únicas vezes que tivemos nossa voz ouvida e respeitada foram nas grandes greves. Já é tempo de lembrar aos patrões o poder que temos quando nos unimos. Para lutar contra o roubo dos governos deles temos que aplicar o peso de nosso punho naqueles que tomam nossa dignidade.
Na luta podemos ver quem são nossos amigos e inimigos. Aqui em Fortaleza trocadores e motoristas começaram a mostrar quem são os verdadeiros inimigos dos trabalhadores. Esses homens e mulheres devem ser apoiados pela população em sua luta por melhores condições de trabalho, o que acaba beneficiando principalmente quem precisa do ônibus para ir trabalhar ou sair de seu bairro por qualquer motivo.
Temos muitos inimigos. Dilma, Luizianne e Cid Gomes em seus palácios e por trás deles os que pagam sua vida política: os donos da indústria da construção civil (no SINDUSCOM), os da indústria têxtil, de alimentos e o resto das famílias Queiroz/Dias Branco, e os mais carniceiros: o SINDIONIBUS – donos das empresas de transporte.
Para poder continuar a resistir, temos que derrubar primeiro o SINDIONIBUS. Esta luta não é uma escolha nossa; ou lutamos ou seremos cada dia mais massacrados nos ônibus lotados e no trânsito infernal até eles nos despedirem porque não conseguimos chegar aos nossos locais de trabalho.
Como organizar nossa resistência?
A maioria de nós vê sua vida indo pelo ralo e sente que não tem como vencer essa situação. Parece que não tem muita gente se importando com o que acontece – que estamos sós no mundo, isolados uns dos outros. Nossos inimigos nos dividem e nos enfraquecem de várias formas. Ficamos presos em nossos bairros porque o transporte é muito caro, não temos tempo de sair de casa por chegar cansados do trabalho, quando as coisas não funcionam colocam a culpa em trabalhadores jogando um contra o outro como se os patrões nem existissem...
Temos nossos sindicatos, mas estes se isolam uns dos outros do jeito que os patrões querem. Temos associações de bairro que só servem como altar de suplício às autoridades. Temos algumas igrejas que reúnem trabalhadores e trabalhadoras cansados dos sofrimentos terrenos, mas seus chefes só podem garantir melhoras para a outra vida. Todos os locais que poderiam ser usados para nós organizarmos melhor nossa vida estão nas mãos de quem prefere deixar para resolver tudo amanhã.
O jeito é começarmos do começo. Encontrar pessoas dispostas a pensar como resolver logo os pequenos problemas da rua ou do quarteirão, fazer pequenas reuniões e só discutir o que é possível de se fazer. Da mesma forma no trabalho: se o sindicato não consegue organizar as paralisações que devem acontecer, os próprios trabalhadores podem conversar entre si e "derrepentemente" parar. Um pequeno grupo sozinho não pode fazer muita coisa, mas vários pequenos grupos unidos para resolver os problemas já mostram como pode ser um verdadeiro governo dos trabalhadores.
Temos que tomar cuidado em nossas reuniões e no que elas decidem. Os governos e os patrões não resolvem nossos problemas nem querem que ninguém resolva. Se nos juntamos para fazer um quebra-molas para nossas crianças não morrerem atropeladas a prefeitura vai dizer que o quebra-molas é ilegal – que só ela pode fazer, mas só no dia de São Nunca às três da tarde. Se dizemos ao patrão que precisamos de horário para almoço só ouvimos promessas ou ameaças – se todos param, chamam o sindicato, e dizem que só voltam a trabalhar com maior tempo para almoço o patrão vai dizer que é ilegal, mas não dá para mandar todo mundo embora de uma vez. Mas, se uma reunião decide por uma paralisação com a opinião dos trabalhadores dividida, o patrão manda embora aqueles que a organizam.
Nossa Segurança...
Nossa segurança e nossa saúde são as coisas mais importantes para nós. Eles já nos perseguem nos bairros onde moramos com a polícia deles e empurram o veneno do Crack em nossos jovens. Andamos desarmados porque não saímos de casa desejando confronto com ninguém, mas acabamos reféns de inimigos armados até os dentes que nos humilham e nos agridem. A polícia tem cada vez mais homens na rua, cada vez equipes mais violentas e nós, trabalhadores, nunca estivemos tão ameaçados pela violência como hoje. Se não tomarmos conta de nós, ninguém vai fazer isso.
Uma das tarefas dos pequenos grupos também deve ser a segurança. Todos devem poder saber usar uma arma, porque não se defende de quem tira o pouco que temos de mãos vazias. Mas as armas, como todo o resto, têm que ser usadas só como for decidido pelo conjunto. Uma arma é poder, e o poder não pode ser de uma só pessoa ou de uma parte menor dos grupos – senão só vamos criar outra “polícia” igual à deles. Todos devem respeitar as decisões da maioria e em caso de desobediência devem ser castigados aqueles que se envolverem.
Uma questão de segurança também é quem participa de reuniões dos grupos. Não podemos deixar fácil para eles nos identificarem para depois nos perseguir. Não precisamos de líderes que marchem à frente, precisamos avançar todos juntos e com cuidado. Os grupos só devem ter as pessoas que moram ali ou trabalham ali e ninguém mais – quando precisar falar com alguém que não é do grupo escolhemos alguém que faça isso. Caso tenha alguma coisa que apenas uma parte ou uma só pessoa deva fazer, as pessoas que forem escolhidas farão apenas o que foi decidido e só farão mais alguma coisa ou a mesma coisa de novo se uma nova reunião decidir.
Que fique bem claro para todos: se as autoridades puderem identificar quem está fazendo o que elas não fazem elas tentarão destruir essa organização e as pessoas que fazem parte dela. Por isso as decisões precisam ser simples, rápidas, seguras e precisamos saber lidar com a ilegalidade da melhor maneira para nós, não para eles.
Nossa segurança também passa por combater a epidemia de Crack e outros venenos que destroem nossa juventude. Chamamos de “drogas” tudo o que é usado para fugir dos nossos problemas: álcool, cigarros, pedra... Sabemos que existem diferenças entre essas coisas, mas não dá para passar a vida conhecendo cada uma delas. Tratar das drogas é tentar manter a saúde dos nossos.
É preciso acabar com o tráfico. A primeira coisa a se fazer para controlar o tráfico é legalizar as drogas. Já aprendemos que não adianta mandar para a cadeia quem usa drogas, agora precisamos ver que não existe como acabar com o tráfico contando com a polícia – os dois têm armas e preferem fazer acordos a correr riscos. As drogas já existem e serão vendidas. Só podemos acabar com a venda de Crack quando tomarmos e destruirmos os laboratórios de quem faz o pó e a pedra. Quando não for ilegal comercializar essas coisas saberemos quem produz, o quanto se produz e para onde vai. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, não serão produzidas mais drogas se legalizarem o comércio delas. Vários governos no mundo, por exemplo, tentam regular o consumo de cigarros e sua produção chegou a ficar menor em alguns países.
Esse problema só pode ser enfrentado por nós se tivermos algo a oferecer à juventude. Tratar os doentes e dar opções de vida para os que não entraram ainda. O jovem não tem vontade de se drogar até morrer se tiver moradia, comida, educação, esporte, trabalho. Mas, na falta de tudo porque não ter a pedra?
Desatar o nó do trânsito!
Junto com a segurança o transporte é um dos maiores problemas que todo mundo tem. Nossos salários nós tentamos arrancar de nossos patrões – e o trânsito quem resolve? Políticos? Mais uma vez não podemos contar com esses sujeitos, estão vendidos. Enquanto o trabalhador estiver em casa ou no trabalho e só esperar pelo “jeito” deles, nunca vai chegar onde quer em paz.
Nossas ruas são pequenas, a cada mês jogam mais carros nas ruas, a quantidade de ônibus diminui. Muitos acidentes envolvem os trabalhadores dos ônibus porque sempre tem lotação, pressa para chegar no horário que o patrão manda e muito carro nos engarrafamentos. As autoridades dizem que vão fazer melhorias, mas não podem fazer sumir os infinitos carros do meio da rua.
Todo dia na hora de ir e voltar do trabalho somos humilhados. Todos podem ver que tem pouco ônibus para muita gente, qualquer trabalhador não precisa de lápis e papel para fazer esse cálculo. Quando não está no famoso “horário de pico” você tem que esperar no mínimo meia hora entre um ônibus que você perde e outro. A prefeitura e sua responsável pelo trânsito, a ETTUFOR, junto com os empresários, sem nenhuma vergonha mentem dizendo que a situação está “sendo resolvida”.
A população trabalhadora de Fortaleza não foi nem pode ser contra uma greve de motoristas e trocadores porque sabem o que eles sofrem todo dia, indo e voltando juntos. Esses trabalhadores são as pessoas que mais podem ajudar a desfazer o nó do trânsito, para poder trabalhar. Com menos ônibus e mais carros menos gente anda. Não se tem mais ônibus na rua porque os donos das empresas gastariam mais dinheiro para fazer mais ônibus rodarem. A luta deles é a nossa luta para não ficar espremidos dentro de um ônibus que tem cada vez menos cadeiras durante a maior parte do nosso tempo.
Para poder ter condições de trabalhar, eles precisam que os que foram mandados embora na última greve voltem e sejam colocados em novos ônibus. Precisam ter mais ruas onde só os ônibus possam andar para evitar os engarrafamentos. Precisam se ver livres das promessas dos vagabundos no governo e na empresa – precisam se unir com os outros trabalhadores e só voltar ao trabalho quando não estiverem mais sendo açoitados nas garagens e nas ruas.
Nem todos podem perder o dia de trabalho, mas, se numa greve geral você chega sozinho ao seu trabalho ainda vai ter que passar o dia carregando o ovo do patrão. O trabalhador que se mata sozinho para agradar quem lhe paga uma mixaria não vai levar grande alegria para seu túmulo. Não podemos agradecer por nossos chefes nos roubarem todo dia, os empregos não deixariam de existir se eles não nos roubassem a maior parte do tempo que trabalhamos. Trabalhamos para eles de graça, porque eles luxam sem fazer metade do que fazemos. Só obedecemos porque é de onde conseguimos nosso dinheiro e se não tiver motivos para nos mandar embora, então não temos que temer as greves de transporte, não é culpa nossa. É culpa de outros patrões como o nosso e eles só podem nos perseguir se estivermos sozinhos.
Com o governo dos patrões não resolveremos nossos problemas. Construir um governo dos trabalhadores é um trabalhador apoiar o outro – juntos não vamos precisar ter medo. Os trabalhadores de Fortaleza têm que estar ao lado dos Rodoviários todos contra o SINDIONIBUS! Não podemos esperar nada do dia para a noite, mas também não podemos esperar pela eternidade. Se junto com motoristas e cobradores podemos duvidar se é possível conseguir resolver alguns de nossos problemas, com patrões e seus governos temos certeza que nunca resolveremos.

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