quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sobre a USP ocupada..

Interrompo meu afastamento do blog por ter certo tempo de 'desocupação forçada' e por conta da grande repercussão do caso de estudantes presos com maconha dentro da universidade.
Merece um breve comentário. Por um acaso o movimento a favor da legalização da maconha já parou para pensar sobre a necessidade de transformar qualquer apoio que tenham em apoio ativo ou esperam mesmo que as autoridades que estão aí legalizem seu uso? Se pensassem veriam com facilidade que o cidadão que trabalha seus dois expedientes por dia e fume seu fino para dormir e não "incomodar ninguém" mesmo com a maconha legalizada, na sociedade atual, seria mandado embora de seu emprego sem maiores explicações caso utilizasse de seu direito publicamente. Logo o problema não se resume a algo escrito no papel.
Transformar o debate na questão da permanência ou não da polícia na universidade mostra por um lado a covardia do movimento em fugir do caso em questão e monta por outro um palco para discursos bonitos em palavras e vazios de conteúdo. Qualquer lunático que vive nos dias atuais percebe facilmente que é necessário mais empenho e organização das massas para manter a paz entre os animais; que o que temos, hoje, neste país - e, em diferentes graus, no resto do mundo - já se encontra no patamar de guerra civil. Sabemos que a polícia que aí está serve  unicamente para enricar certas corporações - experimentem prestar atenção em na rapidez com que surgem "suspeitos" quando morre um deles... Mas propor que ela simplesmente suma e não seja substituída por nada (ou por concursados de porrete na mão) é abusar da paciência de quem estuda ali; é atirar a raiva do estudante comum em cima do maconheiro; é abrir caminho para a privatização da segurança na universidade; é substituir uma milícia com interesses próprios por outra. Senão, significa dizer que o movimento enxerga a possibilidade de armar a comunidade universitária e organizar núcleos eleitos, com mandatos revogáveis a qualquer momento, periodicamente para cuidar desta tarefa? Daí seria necessário organizar-se também, já que há esse nível de organização, para controlar o funcionamento da instituição e ajudar a organizar os trabalhadores em seus locais de trabalho - em suma, olhem só, nos proporíamos a criar o Estado operário dentro da USP! Àqueles que ingenuamente dizem ser essas as reivindicações corretas para hoje, que não percam seu precioso tempo discutindo comigo ou com outros na internet: corram à USP e mobilizem a esmagadora maioria dos estudantes que, de certo, estará com vocês...
Como a questão da legalização tem sido colocada até na televisão, por figuras "importantes", está aberta uma possibilidade de fazer propaganda, de mostrar para as pessoas o que é maconha, o que ela faz, o que ela não faz, como e desde quando é usada e cultivada... Enfim, informar o que nunca pôde ser informado massivamente, fazendo uso dos mais diferentes meios. O ato de "legalizar legalizando" é algo que não pode se enfrentar frontalmente com o poder instituído, a não ser os maconheiros tenham a pretensão de tomar o poder para si. Vale lembrar que fuma-se maconha cotidianamente na universidade e os encontros, logicamente, contam com quantidades expressivas de vários ilícitos - além dos não menos nocivos lícitos. O ser humano se droga. Fuma, bebe, alguns cheiram, injetam coisas nas veias, assistem televisão, lêem a bíblia... Nunca será pela força que isso deixará de acontecer. Estupidez é algo induzível, dependendo das condições de vida da gente resistimos mais ou menos às inumeráveis drogas lícitas e ilícitas que nos vendem. Como está muito mais fácil apelar a alguma droga que mudar a estrutura de nossa sociedade, temos que encontrar a culpa de nossa impotência onde? Nas drogas alheias, claro! Porque a minha, não, essa não faz mal a ninguém.
Como ao invés de estarem se organizando para uma batalha relativamente longa para ganhar a consciência da maioria, os mártires do movimento estão morrendo de orgulho dos 3 mil estudantes que participam de uma assembléia, terão sorte os que saírem ilesos.
Fora a polícia, quando estivermos armados e organizados para tomar-lhes o que é nosso!
Enquanto isso, preparemos nossos destacamentos com cuidado e longe dos holofotes deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário